Entrevista do William na Playboy - 1989
Obs: Essa foto não é da entrevista
Uma conversa agradável com o apresentador-galã sobre o jornalismo global,
sedução, a bermuda do Cid Moreira e mulheres – ninfetas, balzaquianas e até
Luiza Erundina...
Com um simples telefonema, William Bonner mudou de vida como quem troca de
camisa. Chamado para substituir Eliakin Araújo definitivamente no Jornal da
Globo, ele se transferiu às pressas para o Rio de Janeiro. Deixou para trás
um apartamento no bairro paulistano Higienópolis, que dividia com dez
paletós trinta camisas, trinta gravatas "e eventuais companhias femininas".
Apresentando também, o Fantástico, pode se dizer que este ex-publicitário de
25 anos, há três na Globo, se deu bem. Depois de apresentar o programa Oito
e Meia, da rede Bandeirantes, ele passou para o SP TV, jornal regional de
sua atual emissora. Vaidoso, mais pela profissão que por gosto, William
corta o cabelo a cada quinze dias e usa maquiagem corretiva para a pele,
"muito ruim". O melhor programa de TV? "Jô Soares Onze e Meia, disparado",
diz, referindo-se sem receio ao principal concorrente do jornal que
apresenta desde o mês passado. Entre um e outro "boa-noite", William
conversou com o repórter Sérgio Dávila:
PLAYBOY: É verdade que, atrás do balcão, por baixo daqueles paletós
impecáveis, os apresentadores às vezes estão de bermuda?
WILLIAM: Não, bermuda não. Podemos estar de jeans, com calça que não combina
com o paletó, eventualmente até descalços, mas de bermuda é proibido. Dizem
que o Cid Moreira apareceu uma vez, sem saber que estava no ar, de paletó,
gravata e uma bela bermuda.
PLAYBOY: Você faz parte da nova geração de apresentadores de telejornal.
Qual a grande mudança?
WILLIAM: Eu, Augusto Xavier, Valéria Monteiro, Lina Menezes e Fátima
Bernardes, a "nova geração", geralmente fazemos a redação do programa,
editamos, damos forma ao texto final, mudamos o que não agrada. Isso é uma
exigência do mercado que se impõe agora. Não existia no tempo de Cid
Moreira, Sérgio Chapelin…Há agora, também, maior versatilidade. Não vai mais
existir o apresentador do Fantástico, do Jornal da Globo. Temos que ter essa
mobilidade. Sem abrir mão do estilo, é claro.
PLAYBOY: Como foi apresentar o Fantástico pela primeira vez?
WILLIAM: É uma ironia em minha vida. Quando era pequeno, toda vez que ouvia
a música de abertura do programa, ficava deprimido, pensando: "Pô, acabou
meu Domingo, amanhã já é Segunda…" Nada contra o programa, apenas contra o
que representava. Hoje em dia, minha angústia já começa antes, na
Quinta-feira, quando vejo a chamada do Fantástico: "Ih, lá se vai meu
Domingo. Vou ter de trabalhar…" Mas é ótimo poder apresentar o programa.
Dizem até que o Boni ( José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, vice-presidente
de operações da Rede Globo e um dos criadores do Fantástico) se reúne todos
os domingos com um grupo de amigos em sua casa para assistir e criticar.
PLAYBOY: Qual a coisa mais engraçada que já aconteceu enquanto você
apresentava um telejornal?
WILLIAM: Há algum tempo, no meio do SP TV, comecei a sentir um cheiro
estranho no estúdio. No intervalo, perguntei ao câmera o que acontecia. Ele
respondeu: "Nada não William, coisa pequena." E para o assistente: "Chama os
bombeiros rápido, rapaz." Um refletor, bem em cima da minha cabeça, estava
em curto-circuito e começou a pegar fogo. Resultado: terminei de apresentar
o jornal com um bombeiro do meu lado, em cima uma escada tentando desligar a
luminária. E o incrível da história é que nenhum telespectador percebeu.
PLAYBOY: Qual notícia que você apresentou e mais lhe tocou?
WILLIAM: [Emocionado.] A da morte do jornalista Paulo César Araújo, o PC, em
24 de dezembro de 1987. Todos os telejornais da Globo deram a notícia, mas a
maioria em OFF, ou seja, com a voz pré-gravada. Eu tive que ler ao vivo uma
nota muito emocionada, redigida por duas colegas nossas. No final da
leitura, confesso que travei a garganta de emoção. Naquele dia, não falei o
tradicional "boa-noite".
PLAYBOY: Você já levou bronca por ter lido algo errado no ar?
WILLIAM: Não exatamente bronca, e sim uma "conversa amigável", uma vez,
lendo uma nota sobre os aumentos nas passagens dos ônibus. Já estava escrito
em tom irônico, e eu exagerei ainda mais na entonação. Quando acabou o
programa, recebi um telefonema do editor, que havia acabado de chegar em
casa, vindo das férias, e a primeira coisa que viu na televisão foi essa
minha interpretação…
PLAYBOY: Você acha que o jornalismo da Globo é imparcial?
WILLIAM: Sem dúvida nenhuma. Eu, que sempre votei no PT, nunca vi colocarem
no ar uma notícia tendenciosa no tempo que apresentei o SP TV. [Empolgado]
Aliás, sou um dos que não se desiludiram com a prefeita paulistana Luiza
Erundina, acho que ela está fazendo uma administração límpida, honesta e
coerente com o seu programa de governo.
PLAYBOY: Você leva muita cantada dos fãs?
WILLIAM: Primeiro, tenho de esclarecer. Sou abordado por três tipos de fãs:
as ninfetinhas, de 12 a 19 anos, que não me cantam exatamente, mas mandam
cartas com santinhos, orações e mensagens; as balzaquianas, mulheres de até
40 anos, que são bem mais explícitas; e as senhoras de mais de 25 anos, que
me têm como um filho ideal. Mas é das ‘balzacas’ que vêm as cantadas mais
perigosas. Outro dia, uma delas mandou me chamar na Globo. Atendi o telefone
e ela foi logo dizendo: "Quero marcar um encontro com você." Perguntei por
quê, já recusando. Ela respondeu: "Vou te levar para um bar, tomar uns
drinques e depois te estuprar!" Assim mesmo! Disse-lhe que não havia a
mínima chance. "Você está inibindo a minha modernidade" ela encerrou,
furiosa. Modernidade? Isso pra mim é coisa do tempo das cavernas…
PLAYBOY: Como é o lance da sedução?
WILLIAM: Sou muito tímido. Já fui mais atirado. Praticava a arte da sedução
quase com o vigor de um esportista, mas hoje prefiro ficar na minha, ser
abordado. E já deu certo. Outro dia, uma atriz me passou uma cantada, seu eu
dizer nada! Mas não adianta que não revelo o seu nome: ela tem namorado.
PLAYBOY: Quando você não tem um bom desemprenho na cama, costuma dizer:
"Desculpe a nossa falha"?
WILLIAM: [Risos] Não, não. O melhor a fazer é tocar um tango argentino,
acender um cigarro e mudar de assunto…
sedução, a bermuda do Cid Moreira e mulheres – ninfetas, balzaquianas e até
Luiza Erundina...
Com um simples telefonema, William Bonner mudou de vida como quem troca de
camisa. Chamado para substituir Eliakin Araújo definitivamente no Jornal da
Globo, ele se transferiu às pressas para o Rio de Janeiro. Deixou para trás
um apartamento no bairro paulistano Higienópolis, que dividia com dez
paletós trinta camisas, trinta gravatas "e eventuais companhias femininas".
Apresentando também, o Fantástico, pode se dizer que este ex-publicitário de
25 anos, há três na Globo, se deu bem. Depois de apresentar o programa Oito
e Meia, da rede Bandeirantes, ele passou para o SP TV, jornal regional de
sua atual emissora. Vaidoso, mais pela profissão que por gosto, William
corta o cabelo a cada quinze dias e usa maquiagem corretiva para a pele,
"muito ruim". O melhor programa de TV? "Jô Soares Onze e Meia, disparado",
diz, referindo-se sem receio ao principal concorrente do jornal que
apresenta desde o mês passado. Entre um e outro "boa-noite", William
conversou com o repórter Sérgio Dávila:
PLAYBOY: É verdade que, atrás do balcão, por baixo daqueles paletós
impecáveis, os apresentadores às vezes estão de bermuda?
WILLIAM: Não, bermuda não. Podemos estar de jeans, com calça que não combina
com o paletó, eventualmente até descalços, mas de bermuda é proibido. Dizem
que o Cid Moreira apareceu uma vez, sem saber que estava no ar, de paletó,
gravata e uma bela bermuda.
PLAYBOY: Você faz parte da nova geração de apresentadores de telejornal.
Qual a grande mudança?
WILLIAM: Eu, Augusto Xavier, Valéria Monteiro, Lina Menezes e Fátima
Bernardes, a "nova geração", geralmente fazemos a redação do programa,
editamos, damos forma ao texto final, mudamos o que não agrada. Isso é uma
exigência do mercado que se impõe agora. Não existia no tempo de Cid
Moreira, Sérgio Chapelin…Há agora, também, maior versatilidade. Não vai mais
existir o apresentador do Fantástico, do Jornal da Globo. Temos que ter essa
mobilidade. Sem abrir mão do estilo, é claro.
PLAYBOY: Como foi apresentar o Fantástico pela primeira vez?
WILLIAM: É uma ironia em minha vida. Quando era pequeno, toda vez que ouvia
a música de abertura do programa, ficava deprimido, pensando: "Pô, acabou
meu Domingo, amanhã já é Segunda…" Nada contra o programa, apenas contra o
que representava. Hoje em dia, minha angústia já começa antes, na
Quinta-feira, quando vejo a chamada do Fantástico: "Ih, lá se vai meu
Domingo. Vou ter de trabalhar…" Mas é ótimo poder apresentar o programa.
Dizem até que o Boni ( José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, vice-presidente
de operações da Rede Globo e um dos criadores do Fantástico) se reúne todos
os domingos com um grupo de amigos em sua casa para assistir e criticar.
PLAYBOY: Qual a coisa mais engraçada que já aconteceu enquanto você
apresentava um telejornal?
WILLIAM: Há algum tempo, no meio do SP TV, comecei a sentir um cheiro
estranho no estúdio. No intervalo, perguntei ao câmera o que acontecia. Ele
respondeu: "Nada não William, coisa pequena." E para o assistente: "Chama os
bombeiros rápido, rapaz." Um refletor, bem em cima da minha cabeça, estava
em curto-circuito e começou a pegar fogo. Resultado: terminei de apresentar
o jornal com um bombeiro do meu lado, em cima uma escada tentando desligar a
luminária. E o incrível da história é que nenhum telespectador percebeu.
PLAYBOY: Qual notícia que você apresentou e mais lhe tocou?
WILLIAM: [Emocionado.] A da morte do jornalista Paulo César Araújo, o PC, em
24 de dezembro de 1987. Todos os telejornais da Globo deram a notícia, mas a
maioria em OFF, ou seja, com a voz pré-gravada. Eu tive que ler ao vivo uma
nota muito emocionada, redigida por duas colegas nossas. No final da
leitura, confesso que travei a garganta de emoção. Naquele dia, não falei o
tradicional "boa-noite".
PLAYBOY: Você já levou bronca por ter lido algo errado no ar?
WILLIAM: Não exatamente bronca, e sim uma "conversa amigável", uma vez,
lendo uma nota sobre os aumentos nas passagens dos ônibus. Já estava escrito
em tom irônico, e eu exagerei ainda mais na entonação. Quando acabou o
programa, recebi um telefonema do editor, que havia acabado de chegar em
casa, vindo das férias, e a primeira coisa que viu na televisão foi essa
minha interpretação…
PLAYBOY: Você acha que o jornalismo da Globo é imparcial?
WILLIAM: Sem dúvida nenhuma. Eu, que sempre votei no PT, nunca vi colocarem
no ar uma notícia tendenciosa no tempo que apresentei o SP TV. [Empolgado]
Aliás, sou um dos que não se desiludiram com a prefeita paulistana Luiza
Erundina, acho que ela está fazendo uma administração límpida, honesta e
coerente com o seu programa de governo.
PLAYBOY: Você leva muita cantada dos fãs?
WILLIAM: Primeiro, tenho de esclarecer. Sou abordado por três tipos de fãs:
as ninfetinhas, de 12 a 19 anos, que não me cantam exatamente, mas mandam
cartas com santinhos, orações e mensagens; as balzaquianas, mulheres de até
40 anos, que são bem mais explícitas; e as senhoras de mais de 25 anos, que
me têm como um filho ideal. Mas é das ‘balzacas’ que vêm as cantadas mais
perigosas. Outro dia, uma delas mandou me chamar na Globo. Atendi o telefone
e ela foi logo dizendo: "Quero marcar um encontro com você." Perguntei por
quê, já recusando. Ela respondeu: "Vou te levar para um bar, tomar uns
drinques e depois te estuprar!" Assim mesmo! Disse-lhe que não havia a
mínima chance. "Você está inibindo a minha modernidade" ela encerrou,
furiosa. Modernidade? Isso pra mim é coisa do tempo das cavernas…
PLAYBOY: Como é o lance da sedução?
WILLIAM: Sou muito tímido. Já fui mais atirado. Praticava a arte da sedução
quase com o vigor de um esportista, mas hoje prefiro ficar na minha, ser
abordado. E já deu certo. Outro dia, uma atriz me passou uma cantada, seu eu
dizer nada! Mas não adianta que não revelo o seu nome: ela tem namorado.
PLAYBOY: Quando você não tem um bom desemprenho na cama, costuma dizer:
"Desculpe a nossa falha"?
WILLIAM: [Risos] Não, não. O melhor a fazer é tocar um tango argentino,
acender um cigarro e mudar de assunto…
Intéé a próxima, bbjjsss
Mariana!!!!
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